Linguagem de sinais ajuda no aprendizado de alunos com
deficiência auditiva em 21 escolas do município
02/04/2013
» Autor: Fabio Fernandes / Fotos: Ricardo Cassiano
As escolas bilíngues contam com professores com deficiência auditiva e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para atuar em salas de aula com alunos surdos. Mais do que facilitar a comunicação, a Libras é o instrumento de identidade das pessoas com deficiência auditiva, oficializada em 2002 como a língua mãe de cerca de 5,7 milhões de brasileiros que, segundo o censo de 2000, apresentam algum nível de surdez. Em 2013, quando o programa completa um ano, mais duas escolas da rede devem se tornar bilíngues, com o uso da Libras.
Há um ano estudando numa classe regular na Escola Municipal Benjamin Franklin, em Campo Grande, Jorge Ramos Dias, 14 anos, é um dos alunos atendido pelo programa. Segundo ele, a presença da intérprete em sala de aula tem sido fundamental para acelerar o aprendizado:
- Agora está sendo mais fácil, estou compreendendo melhor os textos e lendo com mais facilidade. Até mesmo em relação às ordens da professora, que antes eu não entendia. Antes eu só copiava, agora eu entendo.
De acordo com a diretora do Instituto Municipal Helena Antipoff, Kátia Nunes, a Escola Bilíngue vem ao encontro da política de educação para surdos vigente na rede municipal de ensino, que tem o objetivo de favorecer a aprendizagem dos alunos com surdez, garantindo o acesso de todos ao currículo regular.
- O projeto proporciona um ganho na aquisição do conhecimento por parte dos alunos surdos. O contato com os intérpretes e instrutores tem oferecido um aprofundamento no desempenho linguístico. O retorno das escolas que fazem parte do programa demonstra que os alunos com deficiência auditiva têm apresentado ganhos em relação à aprendizagem e à autoestima – explica a diretora, acrescentando que o contato com profissionais surdos amplia os horizontes dos alunos e de seus familiares.
- O uso da Libras é importante não apenas como uma forma de facilitar a comunicação do aluno surdo com os outros, mas como um instrumento de afirmação da identidade desse estudante.
O trabalho dos 127 intérpretes e 120 instrutores de Libras da rede municipal de ensino acontece em dois momentos distintos: com o instrutor, que auxilia o aluno na sala de recurso, onde se reforça o conteúdo dado em classe, a partir do uso de métodos mais visuais que possibilitam uma melhoria no processo de aprendizagem; e com o intérprete, elo de comunicação entre o estudante com deficiência auditiva, o professor e o restante da turma em sala de aula.
Alguns estudos têm demonstrado que esta abordagem corresponde melhor às necessidades do aluno com surdez, por respeitar a língua natural e construir um ambiente próprio para a aprendizagem escolar.
Para a professora e intérprete Eli Ocemar, que tem uma irmã deficiente auditiva, a valorização da língua de sinais como instrumento de sociabilização é extremamente importante:
- Antigamente só a oralidade era trabalhada, isso gerava um quadro de sofrimento para o surdo e para sua família. O surdo ia para escola, mas só copiava, não aprendia. Hoje, com a presença do intérprete na sala de aula, tudo muda para esse aluno.
Fonte: Portal da Prefeitura do Rio de Janeiro
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