Homenagem do Blog da 9ª CRE a todos os Pais
As Mãos do Meu Pai
Mário Quintana
As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra — como
são belas as tuas mãos — pelo quanto lidaram,
acariciaram ou fremiram na nobre cólera dos justos…
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza
que se chama simplesmente vida. E, ao entardecer,
quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas…
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o
vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas
mãos.
E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nodosas…
essa chama de vida — que transcende a própria vida…
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma…
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