O Centro Educacional Pioneiro está adotando os REA, Recursos Educacionais Abertos, no ensino médio. Desde ano passado, as publicações dos alunos como revistas, catálogos e livros de contos estão sendo produzidas com base nesse conceito de uso livre. O projeto, ainda piloto, prevê a criação de um repositório virtual para abrigar e disponibilizar, abertamente via Creative Commons, os trabalhos coletivos produzidos pelos professores e cerca de 60 alunos de ensino médio. A ideia é que qualquer pessoa possa usar os materiais, fazer cópias na íntegra ou remixar pedaços para adaptar os conteúdos à sua realidade local (Porvir já fez uma matéria comemorando os 10 anos de REA).
“Os alunos da escola sempre tiveram uma produção de livros, revistas e catálogos bem ampla e a iniciativa nasceu quando percebemos que esses materiais tinham tudo a ver com a REA. Então pensamos: por que não compartilhar tudo isso?”, diz Débora Sebriam, coordenadora de tecnologia educativa do Centro Educacional Pioneiro.
Como parte do projeto, no ano passado, Débora, que também integra a equipe REA Brasil, passou a realizar debates-palestras com alunos e professores. “Falamos sobre direitos autorais, fontes de referência eCreative Commons. Dissemos o que é a REA, quais países estão adotando e até alguns exemplos de trabalhos feitos por alunos”, diz. Embora o conceito exista há dez anos, no Brasil, sua difusão ainda continua sendo um desafio. Segundo Débora, além do Centro Educacional Pioneiro, outros poucos exemplos de escolas que participam dessa prática são os colégios privados Dante Alighieri e Porto Seguro.
Trabalho coletivo
Toda a ideia de colaboração que está por traz dos REA também é aplicada na produção dos materiais. Cada recurso educacional é feito por equipes de até cinco alunos. E o trabalho coletivo é valorizado inclusive no boletim. No colégio 30% das notas finais de cada ano letivo são baseadas nessas produções.
Para angariar novos materiais e conteúdos para os REA, a escola organiza, por exemplo, viagens com os alunos do primeiro ano do ensino médio a cidades do interior de São Paulo. Nelas, eles precisam entrevistar moradores e resolver situações-problema, desafios pré-estabelecidos em sala de aula que precisam ser solucionados como medir a intensidade sonora do município ou até mesmo mapear a quantidade de equipamentos de lazer.
Em 2011, a visita foi a São Luiz do Paraitinga – cidade devastada em 2009 por conta de uma enchente. Nessa viagem, eles conversaram com os habitantes, identificaram as principais diferenças entre as grandes metrópoles e os pequenos municípios e, a partir das vivências, tiveram que realizar catálogos, livros e revistas que serão abrigados no repositório virtual aberto. “Os REA ajudam na construção do conhecimento e na conscientização dos alunos sobre a importância da qualidade dos trabalhos”, afirma Fernando Kawahara, diretor de ensino médio do Centro Educacional Pioneiro.
Para Henrique Akamine Hiray, 15, aluno do 1o ano, o trabalho coletivo contribui para o estreitamento dos laços entre os estudantes e melhora o rendimento escolar. “Os trabalhos em grupo estimulam a convivência. Eles também não focam apenas nos conteúdos para vestibular como outras escolas, pelo contrário, desenvolvem um relação mais próxima entre nós”, afirma.
Fonte: PORVIR
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