Mostra, que exibe a evolução arquitetônica do Rio dos anos 30 e 40, fica até 07 de outubro, no Parque das Ruínas
05/09/2012
» Autor: Fernanda Good / Fotos: Pedro Curi
O passado e o presente se misturam entre desenhos das décadas de 30 e 40 e fotos atuais. As transformações arquitetônicas da cidade do Rio de Janeiro retratadas pelo arquiteto e artista plástico húngaro Géza Heller podem ser vivenciadas na exposição ‘Géza Heller – um “carioca” sonhador’. A mostra, aberta gratuitamente ao público, estará até o dia 07 de outubro, das 10h às 18h, no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, em Santa Teresa.
Entre um traço e outro, Géza (1902-1992), em mais de 30 desenhos da arquitetura da cidade, expõe as construções e desconstruções urbanas para entrada do progresso. As obras que retratam a Avenida Presidente Vargas e a Praia do Flamengo são exemplos da mudança arquitetônica de que o Rio passou. Um Rio em transformação, fonte de inspiração do arquiteto húngaro ao desembarcar na cidade.
De acordo com a curadora e filha do artista, Sylvia Heller, quando Géza chegou ao Rio, o momento era de boom da modernização, deixando-o bastante interessado por esse movimento arquitetônica da cidade.
– Com o material sempre a mão, registrou muitas coisas sendo demolidas e construídas. Por utilizar o bloco que levava na bolsa, a dimensão dos desenhos é pequena. Apesar disso, as obras são ricas em detalhes. Ele registrava não só o objeto, mas toda a paisagem em que aquela peça fazia parte, dando vida aos desenhos. Desenhos que, por sinal, são documentos; interpretações do artista que como arquiteto fazia com muita fidelidade do que estava vendo, respeitava mesmo o ambiente – disse ela.
A exposição também traz um painel com fotos de desenhos de seus projetos arquitetônicos; entre eles, o da Central do Brasil e o do edifício Tabor-Loreto, na Praia do Flamengo. E uma fotografia de satélite do Rio de Janeiro estampado no chão do Centro Cultural instiga o visitante a achar os locais escolhidos por Géza Heller para retratar a evolução urbana do Rio.
– Essas projeções nunca antes foram divulgadas – pontuou Sylvia, que ressaltou que como os desenhos as projeções também são ambientalizadas.
Complementando a exposição, há ainda um vídeo em que Sylvia Heller fala sobre o trabalho, a trajetória e as técnicas utilizadas pelo artista, que chegou ao Brasil em 1925 e se fixou no Rio de Janeiro, adotando mais tarde a cidadania brasileira.
- Ele não tinha ‘ismo’, não era ligado a uma ideia ou um processo. Se aventurava por todas as técnicas que desse vontade. Seus desenhos tem ritmo como música, como dizem alguns críticos – comentou Sylvia, que tem paixão por dois desenhos da exposição: ‘Destruição da Policlínica’ e ‘Atelier’.
- O desenho da ‘Destruição da Policlínica’ tem humor porque mostra a vida e o cotidiano do entorno – explicou ela.
Para a paulista Myla Leão, de 46 anos, a mostra é muito importante sobre a ótica arquitetônica.
- A exposição mostra o contraste de valores da arquitetura diante do progresso. E estar exposta neste lugar, que tem como nome Parque das Ruínas, é de grande referência já que a mostra trata também das ruínas de algumas edificações – explicou Myla.
As fotos atuais, que fazem o contraponto com os desenhos de Géza, são de Hermano Taruma.
- Essa jogada entre o passado e o presente permite compreender a evolução humana. E ainda possibilita prevermos o que vem para o futuro – disse o carioca Augusto Lira, de 54 anos.
Para a criançada, as terças, quintas e sábados, há oficinas com as principais técnicas utilizadas por Géza Heller, como bico de pena, o grafite, o guache, a aquarela, o lápis duro e o crayon. Para participar, é preciso agendar pelo e-mail: gezaheller.producao@gmail.com . Mas, aos sábados, grupos são formados por visitantes do Parque das Ruínas. Há possibilidade também de uma visita guiada mediante agendamento.
A ideia do atelier, segundo Sylvia, é explicar para as crianças por meio da prática as técnicas utilizadas pelo artista plástico nestas obras.
- As crianças têm a possibilidade de usar materiais não utilizados na escola, como a monotipia em cima do vidro com guache, o bico de pena e o lápis 7B muito bom para fazer sombreado. Além de trabalharem no atelier, eles aproveitam o espaço do Parque das Ruínas para projetarem paisagens ou utilizar elas como inspiração – contou Sylvia.
Ainda segundo ela, o Parque das Ruínas, que funciona de terça a domingo, das 8h às 19h, é um lugar com muita representatividade em relação aos desenhos porque permite ao visitante ver as transformações da cidade retratadas na exposição.
SERVIÇO
Exposição: ‘Géza Heller: um “carioca” sonhador’
Local: Parque das Ruínas
Endereço: Rua Murtinho Nobre, 169 – Santa Teresa – Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2215-0621
Data: até 7 de outubro
Horário: das 10h às 18h, de terça a domingo
Agendamento oficinas: gezaheller.producao@gmail.com
Entrada franca
Fonte: Portal da Prefeitura do Rio de Janeiro
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